Metamorfose Quase Kafkaniana

Postado por NaNa Caê quarta-feira, 30 de setembro de 2009 17:16:00

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O tempo é uma vassoura
Velha
De palha
Que leva pensamentos e acontecimentos
Bons e ruins

E às vezes é preciso se transformar em bruxa
Mesmo que seja a ponto de desvanecer
É necessário subir nesse veículo de madeira
E sumir pelos ares

E quando não há equilíbrio
A gente se segura
Conversa baixinho no ouvido dela
Faz chantagem
Diz que é conhecida da gravidade
E justamente por isso não aceitará turbulências

Abraça com força
Não se importa com as farpas
E elas de sacanagem entram nas mãos
Mas não...
Continuamos sorrindo
Porque somos imbecis orgulhosos
Não imploramos mais por pinças


Ah.. eu estou virando uma bruxa

Só me faltam os cabelos longos
A risada esganiçada
Panos pelo corpo até beijarem o chão
Peças que nunca estiveram presentes no guarda roupa
Mas agora eu as permito

Tenho minha fuga
Meus remédios
E o médico por perto
Por que não vestidos?

Tenho o mesmo contexto em que nasci
Sofri
E aprendi o que é de fato separação


Não sei se reconheço mais o caminho de volta
Não sei se suporto o calor da derrota
Não sei nada de vocês

Só confio em mim amor...

E não há corredor com luz branca
Que me deixe apática
Não me incomodo com sintomas

Na verdade olho bem fundo neles
Levanto a blusa
Mostro os meus peitos
Boto a língua pra fora

Finjo que estou pirando
Escrevo compulsivamente
Bagunço o cabelo

Por que às vezes ...

Abraçar a loucura é mais divertido do que dar a bunda para a morte

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[Ouvindo: Lily Allen - Not Fair]

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Cara de Velório

Postado por NaNa Caê segunda-feira, 28 de setembro de 2009 11:35:00

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Queira estar na cama
Hoje
Mais pro fim da tarde

O pôr do sol não será bonito
O céu não tingirá o laranja no ar

Queira fechar os olhos
Amanhã
Bem cedinho

O clarão poderá acabar com sua retina
O estrondo nada perdoará

Tampe os ouvidos
Com papel, pano ou algodão
O que vão te dizer
Não será nada agradável

E eles gostam dos detalhes
Das descrições bizarras
Quando não existem justificativas pros fatos
Calma
Eles inventam
Pra depois efusivamente relatar

Queira daqui 7 dias
Estar mais calma
Numa igreja
Bem pequena
Com poucos improváveis conhecidos

A vela derretendo
Sem pressa
Formando majestosas miniaturas
Mínimas estátuas surreais

Pessoas multicoloridas
Pintadas pelo sol
Com roupas berrantes
Gritando:
- Meus pêsames, meus pêsames

Por que aqui é o Brasil meu bem
Pretinho básico nesses tristes momentos
Só no estrangeiro


Enquanto isso o cara de branco
Em cima do altar
Morto
De sono

Lê metáforas religiosas
Em português
Ou latim
Força a dizer palavras bonitas


As que friamente vão tentar te consolar

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[Ouvindo: Cat Power - Maybe Not]

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Pornô Light/Diet

Postado por NaNa Caê domingo, 27 de setembro de 2009 17:09:00

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Chão que marca
Parede que faz sangrar

Sobe em cima
Não mede a intensidade
Não se sente a força
Não para a dor

Limpa o piso com o corpo
Mete
A cabeça na poltrona
Quase rasga a roupa

Descobre-se então que o amor fode as pessoas

Mas como foi dito que se quebraria novamente
Sem hesitações
E com toda bondade do mundo

A gente repete
Planeja
Antes atiça
Provoca

E sente tudo de novo

Conta os inevitáveis roxos no dia seguinte


Já que não há nenhuma cama para nos abrigar

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[Ouvindo: The Strokes - 15 Minutes]

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O Vazio Deixa Hematomas

Postado por NaNa Caê 16:13:00

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As vezes bate um vazio
Mentira
Na verdade o vazio que bate em mim


E não há nenhuma técnica marcial
Que me faça revidar
Não com a tamanha força que ele me atacou


E eu lembro de tudo


Porque sou apenas uma pseudo desmemoriada
Que finge esquecer coisas
Só pra não sofrer descaradamente

Na frente de certas pessoas

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[Ouvindo: Los Hermanos - Fez-se Mar]

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A Verdade Está Com Ela

Postado por NaNa Caê sexta-feira, 25 de setembro de 2009 10:22:00

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Você vive como se tivesse 30
40 anos
Mas não vê que ainda nem chegou aos 20

O motivo dela dizer isso
Ainda nao sei

Talvez por que as decisões
Pesem como chumbo
Nas sacolas que amarrei
Com corda firme
Aqui
Em meu pescoço

E os nós de tão cegos
Não podem mais pra nenhum lado olhar
Não enxergam então quais amarras são as frouxas

Nesse desespero
Se confundem
Fazem parte de invenções
Que sequer pescadores criariam

Quando vamos embora
Para demonstrar seu profundo
Mas não perceptível conhecimento
Ela fala
Baixo
Quase que pra dentro:

- Parece as vezes que você está prestes a morrer

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[Ouvindo: Los Hermanos - Dois Barcos]

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Ludicamente Caminha Para Frente

Postado por NaNa Caê 10:03:00

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A cabeça dói

Não pelas pancadas de ontem
Nos degraus
Mas pela pressão
Que o excesso de pensamentos
Exerce sobre a vida

Se bebesse daquele jeito
Todos os dias
Não se sentiria tão pior

O mundo giraria ferozmente
Bambiaria suas pernas
Enganaria os seus pés

Ganharia a falsa sensação
De que caminha para frente

Ainda sai do lugar

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[Ouvindo: Silvia Machete - Toda Bêbada Canta]

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Escada a Baixo

Postado por NaNa Caê 09:49:00

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Se a decadência não nos habita
A caçamos então pelas calçadas
E telefonemas

Se o desvirtuoso é caminhar
Nós rastejamos
Pela inacessível busca
Da burra espera do crer

Não abaixe a cabeça para mim
Não é a sua derrota que eu espero

O desprezo da minha espécie
Que acaba com todo o resto

Se soubesse como é triste acordar
Ir trabalhar
E mais tarde fingir que está tudo bem
Não recusaria minhas preces

Eu bebo
Choro
Fujo das salas
Como quem foge de ti

E no final
Eu estou nas escadas
Parada
Vomitando

Esperando o álcool
Junto com você

Partir

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[Ouvindo: Silvia Machete - Toda Bêbada Canta]

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Dromedários Amolam Alfinetes

Postado por NaNa Caê quarta-feira, 23 de setembro de 2009 11:42:00

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A esperança não faleceu
Apenas foi levada pela resignação

Dos dromedários
Sobraram as cabeças de alfinetes
Que prendiam as barras de suas calças


Longas
Afiadas
E retilíneas

Serviram de ferramentas
Para arrancar os olhos dos predadores


Na última estância
Busque arruinar
Os moradores do falso frio

Na distância
Cruze os obituários arrastando o dedo
Letra por letra
Na folha espessa
Para ajudar a engrossar a pele

Não foram as acusações de mentiras
Que o tornara vagabundo
Não foi o calar
Que o colocou como louco
Mas a pureza destemida



Bobo de nascença
Apelido
Nome e sobre nome
Não seguiu a ordem de a verdade não falar

Proibiram
Mas ele fingiu não ouvir

Tentou ser justo

Para no fim acabar como o maior injustiçado

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[Ouvindo: Interpol- Narc]

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Retransformação

Postado por NaNa Caê segunda-feira, 21 de setembro de 2009 20:41:00

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Deixei de ser zumbi
Assim
Em plena noite
Só pra ser feliz


Voltar a criar fantasias

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[Ouvindo: Metric - IOU]

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Fome da Minha Cama

Postado por NaNa Caê 11:16:00

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Se quiser eu boto minha roupa de panaca
Faço cara de largada
Coloco estrondosamente "down em mim"

Não é ironia baby

Estou aceitando qualquer boa coisa
Pra esquentar o sangue
Me debulhar em lágrimas
Por que não ser feliz?

E assim
Talvez ao meio dia
Eu apenas vá para casa

Almoço
Aumento minha cara de amarrotada

Tento enfim de verdade dormir

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[Ouvindo: Cazuza - Down em Mim]

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De Estômago Vazio

Postado por NaNa Caê 10:50:00

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Reapareça antes que eu pinte o seu rosto na parede

E não será por paixão
Amor reprimido
Mas só pra fazer chifres
Poder riscar seus dentes
Botar aqueles bigodinhos tão oitava série

Por que não deu um fim ás fotos?
Apenas se sente bem com aquelas roupas
Fazendo frias poses
Ou possui resquícios masoquistas
E ainda se lembra de mim?

Preciso passar suas blusas meu bem
Não em ferro quente
Mas para as mãos de alguém
Para eu me livrar desse cheiro
Expulsar tudo daqui


Infelizmente tenho sonhado
Quando cochilo minhas duas horas por noite
Perante meu novo embaçado olhar
Vocês estão abraçados
Os que se odiavam
Trocam beijos
Se comem
E sabemos que não é imaginação homérica
De minha fútil mente prática

Não encaro esses fatos como hipocrisia
As pessoas mudam
Os conceitos se elevam
Caem
Sim
Vão pro chão meu bem

Vejo escadas
Cordas ao lado de vocês
Mas apenas declinam-se em tanta preguiça
Seria tão exato
Subir ou se enforcar
Entretanto não se ajudam
Há apenas a repentina amizade
Amor mútuo não
Sequer tenta dar pezinho
Pra quem te faz de escoro

Ficam todos aí
Parados
Quando muito compram uma cerveja
Só pra fingir que de fato possuem algo nas mãos

Querem expressar um ódio inexistente
Uma raiva que se força
Olhares misturados com inventados risos
Que só me parecem piada
De humoristas decadentes
Retrógrados
Dependentes das revistinhas de banca de jornal


Argh
Mas serio mesmo querida
Preciso parar de ver o dvd chato
O emprestado
Que nunca muda a ladainha
O livro confesso que já o escondi
Em baixo de pastas e cadernos
Não suportava mais o ler
Imaginar cada pensamento inventado
Processado por sua pessoa
Enquanto foliava aquelas páginas
Tempos atrás
Empolgada
Com tanto cientificismo e religião

Eu tentei me livrar
De tudo
Inclusive do orgulho em seu excedente ser

Perguntei com quem deixar
Os malditos pertences
Mas você parecia que gostava
Vingança
Ou mero estranho prazer

Usava os objetos
Como queijo envenenado
Preso na ratoeira

E nesses momentos esquecia minha alma de felino
Perdia a autêntica esperteza
E frieza dos gatos
Transformava-me perante suas investidas
Em um dos piores ratos
Dos bem burros
Mordiscando pequenos podres pedaços
De lembranças
Que mais tarde por gula
Sempre me faziam mal

Não comprei nenhum sorinsal querida
Na real sequer dei conta de sair pra sala
O máximo que fiz
Foi caminhar até ao banheiro
Meti o dedo na goela
Várias vezes confesso
Mas nada saiu

Fiquei por insuportáveis tempos
Em completas fazes de enjôo
Na esquizofrênica dúvida
Do afasto ou me jogo
De cara na porca água

Bem cena de trainspotting mesmo

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[Ouvindo: Bazar Pamplona - Agora Sou Vilão]

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Não Ouse Comer Meus Cavalos

Postado por NaNa Caê sexta-feira, 18 de setembro de 2009 11:28:00

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O ser correto tem que se manter inteiro
Aceitar os encaixes que a vida lhe atribui
Compreender sua função
Em um gigantesco tabuleiro
Saber das regras
E não as burlar

Nunca tente bater a mão na mesa
Como se o jogo fosse melhorar
Pender para o seu lado
Porque o estrago será recíproco

Lembre-se
Os exaltados só permeiam fúrias entre as torres
Que de tão quadradas
Andam apenas em retas
Não conseguem contornar incômodos

Os cavalos
Quase completos calados
Observam
E conversam com freqüência
Apenas consigo mesmos
Em curvas de L
Buscam entender primeiro o eu
Pra futuramente suportar
Ou dar coices no próximo

O que se aprende no xadrez?

Não importa o lado que escolha
O que culmina superioridade são as estratégias
Inusitadas
Inesperadas
Inventadas

Pra ser vencedor é preciso apenas
Saber o melhor modo de manipular as peças

É claro...

Sem que o adversário perceba

Enquanto isso você fica aí

Pensando que entende todas as jogadas

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[Ouvindo: Cibo Matto - Spoon ]

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Desconcertante Geometria

Postado por NaNa Caê 11:01:00

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Se são setas
Facas
Espadas
Ou traços falhos
Eu não indaguei

Só posso dizer que me causam espasmos
E consequentes amargos
Na boca
Olhos
E mãos

Espero que não explique apenas sobre retas
Infinitos
Planos cartesianos

Conceitue também quadrados
Daqueles bem fechados
Aproveite e me dê um

Só pra ver as estranhezas
Sendo jogadas lá
Ficando sem ar
Sentindo coincidentemente
O que geralmente me causam

Quando passo por elas
Passo
Passo mal

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[ Ouvindo: Feist - The Water ]

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Não Quero Mais, Acabou

Postado por NaNa Caê 09:36:00

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Eu queria ter tempo
Pra provar que de fato nao sei cozinhar

Queria aprender a ligar mais vezes a tv
E me contentar
A dormir em frente áqueles vários canais
Em vez de travar engrenagens
Com forçosas soluções entre tantos dilemas


Eu queria colar nas minhas costas
A grande verdade suprema:
Que não tenho paciência para animais
Sejam de estimação
Ou os falantes
Pensantes
Cheios de sentimentos vazios
Que dizem que amam
Choram no meu pé


Eu queria ter mais que 4 olhos
Pra poder ler de uma só vez
Uns 5 livros
E ao mesmo tempo sem óculos e manual
Dar conta de olhar
Para o infinito desconhecido
Dentro de mim
E talvez assim enxergar
Entender
O que realmente me faz infeliz


Eu queria fingir que escrevo
Tão pouco quanto os outros
Que pintam pequenos dispersos pingos no papel
Queria não virar noites
E latas
De tinta em cadernos
Preenchendo gavetas
Com bolos de folhas
Embolados em pensamentos
Lambrecados de pimenta e mel


Para o futuro ...

Eu queria voltar pra casa mais cedo
No domingo
Só pra acompanhar o Fantástico
E de segunda a sábado
Mandar menino calar a boca
Ir pro quarto
Exatamente as oito e meia
Pra não perder nenhuma notícia do Jornal Nacional


Eu queria casar
Ter marido
Amante
Filhos

Cachorro
Emprego comum
Netos
E bisnetos
Que fossem médicos
Advogados

Mas não
Pensando melhor
Eu não seria
Assim
Tão eu

E tudo o que eu falei
Nunca faria parte da minha vida
Muito menos entenderia
Completaria

Meu nada equivocado amor

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[Ouvindo: Beach House - Gila]

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Tio Sukita Com Muito Gás Ensina

Postado por NaNa Caê quinta-feira, 17 de setembro de 2009 10:29:00

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Pediu que olhássemos no espelho
Nos mandou atentar
Sobre o que possivelmente poderíamos refletir

Traços incomuns
Diferentes
Marcas de nascença
Entre outras
Forçadas
Colocadas no corpo
Com tinta, agulha e metal

Insistiu que não era mero invento
Abdicação a modismo
Destacou como nossa natureza
De tão urbana
Cinza
Torna-se assim singular



Deitou sobre a mesa
Amarela
A elegante teoria
Presente em dois tempos
Distinta nas datas
Mas tão similares de constatação:

Pessoas-Falsetes por mais de 3 meses não existem
Falham
Acabam

Alertou sobre a exceção
Do indivíduo dotado
De disposição
Criativo para performances
Hábil na construção
De personalidades mesquinhas
Composto de respirar e inspirar teatral
Aquele fácil de apontar
Que carrega como tatuagem:
Fazer cena na vida
Tornar palco o dia a dia
Colocar o fingimento como algo material


Quando cheguei em casa então pratiquei
Parei em frente ao retângulo
Pequeno
Entre a porta e o chuveiro
E esperei
Logo impaciente coloquei a orelha no derradeiro
Mas só ouvi o repetido
O que ela sussurrou baixinho
Mais cedo
Só pra eu sentir:

- Além de atores astuciosos talvez camadas de máscaras possam existir


Entretanto que fique um ressalto

A detestada temperatura dessa cidade
Pelo menos nesse caso
Até que pode nos fazer feliz

Alguns derretimentos aqui ocorrem de forma rápida
Prática

E as deformidades assim surgem
Com maior facilidade

Bem em nossa frente

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[ Ouvindo: Placebo - Passive Aggressive ]

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Malícia Pra Quem Entende

Postado por NaNa Caê 09:06:00

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Ali
Sentados

Coca
Cervejas
E cigarros

Verdes
Vermelhos
De gente
E de bicha

Era só esticar a mão
Pegar
Um
Dois
Quantos seguidos conseguir

O problema era achar o fogo
Às vezes
Esquecido
Perdido
Quando cobrado

Mas nada que uma boa olhada não o fizesse surgir

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[Ouvindo: Placebo - Because I Want You ]

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Saudade de Sentir Frio

Postado por NaNa Caê 08:36:00

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Te chamaram de purgatório
Filial do inferno
O lugar onde ninguém mora
Mas sim assa

Cuspiram no seu corpo
Espalharam essa gosma
Como se fosse bronzeador

E você virou de lado
Mostrou todos os ângulos possíveis
Mais ainda se arreganhou

Empinou a bunda
Jogou fora os casacos
Abaixou as calças
E desfilou

Apresentou como comissão de frente
Toda sua desonestidade
Como bateria
Aqueles desgraçados gritando
Parecendo que batiam palmas
Mas em vez de uma mão contra a outra
O que fazia o som
Eram tapas na cara

Xenofobia aqui não existe
Não poderia
Muitos nem sabem sequer o significado disso

Não é presunção de minha parte
Elevado "se achar"

É a pura merda da realidade
Que não ajuda
Não empurra esse povo para as salas
Não alimenta
Não da de comer livros
Palavras
É só música brega
Chambarí
E um bocado de piranhas
Aquelas dentro e fora da água ...

Tem gente que ainda se salva
Mas então chegam nós
Filhos da puta estudantes-emergentes
De cidades distantes
Escolhidos a dedo
Pra sair de nariz arrebitado
Desdenhando do tem não tem aqui

Ah Deus
Se tudo não passou de uma alucinação de Friedrich
E o senhor de fato exista
Que o céu desabe sobre nós

Se lá for realmente fresquinho

Que ele caia sobre nossas cabeças mesmo!

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[Ouvindo: Silvia Machete - Pés]

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Só de Passagem

Postado por NaNa Caê 08:30:00

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Mas e aí estrangeiro
O que vai ser de nós ?

Você me pergunta ...

Os poucos que ainda possuem olhos de alma


Quem poderá doar a medida excêntrica
Da correta dosagem de realidade ?


Acho que não será eu


Não aqui nessa terra quente e estranha

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[ Ouvindo: Los Hermanos - De Onde Vem a Calma ]

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Aceito Presentes

Postado por NaNa Caê quarta-feira, 16 de setembro de 2009 11:21:00

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Se vários poetas acabaram em whiskies
Vodkas
Conhaques
Vinhos

Se inebriaram em fumaça
De cigarros
Cidades
Carros
Da cabeça que se fundia
E fudia de tanto tentar parar de pensar

Quem sou eu então pra hoje de algo reclamar?

Eles coitados sucumbiram
Detestaram
Amaram
Comeram
Destilaram
As passagens
Da vida
Sonho
Morte
Em versos
Palavras
Simples
Ou em complexas disritmias

Ignoraram as vertentes
Comuns
Das pessoas de razão simplória
Monótona
Vida-resquício do nada
Vazio
Sem história

Seguiram na coragem
Ou no medo
Dos impuros os alienar
Continuaram sem gritar por ajuda
Acostumando-se com latentes vômitos
Enjôos
Repugnantes dores de cabeça

E eu sei campeão
Não precisa querer me assustar ...

Tenho consciência que um dia
Assim como eles
A sensibilidade ainda vai desistir de me torturar
E aí então ela talvez pare de vez com essa agonia
Só pra me matar
Ou fingir que me presenteia com um tapa-visão

Bem no dia do meu aniversário

Está chegando a hora ...

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[Ouvindo :Cérebro Eletrônico - Pareço Moderno ]

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Manual 4 Rodas

Postado por NaNa Caê terça-feira, 15 de setembro de 2009 10:25:00

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Queria colocar uma máscara a lá Fernada Young

Olhar pra você
E soltar as farpas que ela esbraveja
Sem ao menos franzir a testa
Me envergonhar

Assumir que ás vezes dou trabalho
Sou como ter um Rolls Royce
Se você não quiser ter que pagar
O preço da manutenção
Que mude para um passat


Mas não rola
Não sei em que loja de fantasias compro essa bosta
Não consigo também usar
Palavras sinceras pra te machucar

Se quiser posso até ser um carro

Mas lembre-se :
Sou magrela
Não tenho pneuzinhos
Então não possuo o costume de por aí rodar
A própria estrutura não me permite esses giros

Destaco então que gastos quase não existem
Logo não precisa cair o nível
Mudar para um modelo piorzinho

Pode ficar com a quase 2.0 aqui

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[Ouvindo : Rilo Kiley - Absence Of God]

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Amor Entre Bonsais

Postado por NaNa Caê 09:15:00

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Protesta que sou fria
Calada
Pergunta o que estou pensando

Pede desculpa sem um por quê aparente
Tenta lembrar dos erros
Pensa que respostas deviam existir

Indaga ações
Contestações do meu querer
Expeciona passos
Não consegue acompanhar a marcha lenta
Tenta ir mais devagar ainda
Isso quando não desvia do caminho

Ironiza
Mas não gosta de disfarçar
Críticas
Acusações
Muito menos declarações de saudade


Sei que sou chata
Um porre
Retórica às vezes
Às vezes aqui significa demais
Antes que vire e diga que estou mentindo
Aproveitando-me de eufemismos

Assumo que sou ilícita
No agir
O que eu diria nos pensamentos

Então me ajude a vendar minha mente
Segurar escrachadas verdades
Ou apenas coopere para aguar
Aqueles malditos questionamentos
Que infelizes jardineiros
Fizeram o favor de plantar

Entre nós dois

Pequenos e tortuosos bonsais

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[Ouvindo: Kasabian - Club Foot]

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Bata na Porta Antes de Entrar

Postado por NaNa Caê domingo, 13 de setembro de 2009 18:31:00

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Ah esses ditados transgressores conjugados...

Em festas
Puteiros
Boates
Bares
Apartamentos

Dicas forçadas de conduta
Moral

Verbal
Escrita
Desenhada
Gritada
Cuspida
Em balas
De menta
Ou calibre 38


A arma foi delicadamente lustrada
Polida
Recarregada

Mas você a pegou
Sem cuidado algum
Deixou cair no chão
E ela disparou
Cortando o ar
O silêncio
Minha garganta

E assim como quem não queria incomodar
Abriu a porta
Entrou no quarto
Sem bater
Pedir
Falar

Mecheu no guarda roupa
Pegou a maldita caixa

Enquanto eu entretida batia a cabeça na parede

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[Ouvindo: The kills - Love is a Deserter]

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Hoje Tem Janta

Postado por NaNa Caê 17:53:00

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A demência é minha
Não sua
Então foda-se

Que vá para o inferno seus passeios no bosque com os dois lobos

Para a puta que pariu as conversas nonsense
Em praças vazias junto á aquele viado

Hoje definitivamente não vou sair

Nem por você
Muito menos por mim

Mais tarde me alimento de tédio
Raiva

E vou dormir

Assim
Passeando por pesadelos
De barriga cheia

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[Ouvindo : Daft Punk - The Brainwasher ]

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Entendendo Um Fescenino

Postado por NaNa Caê sexta-feira, 11 de setembro de 2009 11:13:00

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Dê pra ele

Sem maiores perguntas
Apenas dê

Amor
Carinho
Dependência

Tudo que lhe pedir

E se você recusar algo
Melhor ainda
Cria-se a recompensante difícil conquista

Ele é persistente
Quase nunca briga
Fala alto
Ou expõe raiva

Ele compreende
Compreende mesmo quando não entende nada
Te compreende por completo
querida

Ele aceita
Aceita o que você diz só quando o convém
Te aceita aguentando falsamente suas cobranças
querida

Estampa na cara feição de preocupado
Nunca se mostra cansado
Faz tudo o que você quer

Lógico
Porque modela
Transforma os desejos dele
Nos seus
Dinâmico e prático
Copia e cola
Bem ali pro seu arquivo de vontades

E você adora
Acha lindo
Pensa que tem o comando
Quando ele insinua que vai embora
Chega na porta
Volta
Te agarra
Cai por cima
Quase te entorta
Da prazer bem mais que pro corpo
Inventa de colocar nesses amassos
Até a própria alma

Compreender um fescenino é muito simples querida:

Dê pra ele

Depois...
Não cobre nada

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[Ouvindo: The Zutons - Hello Conscience]

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Não Durmo Mais Sozinha

Postado por NaNa Caê 10:33:00

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Vontade de sair correndo
Por qualquer rua
Ladeira
Viela

Seja a pé
De patins
Ou bicicleta

Escalar paredes
Muros
Escadas

Fazer Trilhas
Corridas
Nadar

Traduzindo

Pra quem não pratica exercícios como eu
Com certeza devo estar dormindo com a alegria

Agarrando-a com tremenda vontade
De dia
A noite
Pela madrugada

Com mãos
Pernas
E braços

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[ Ouvindo: The Kooks - Crazy ]

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Ecumenismo Poético

Postado por NaNa Caê 10:00:00

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Faça da poesia a constante inquilina de sua casa

Não cobre dela nada
Aluguel
Taxa de luz ou água

Apenas a deixe avontade
Para que assim una

Espaço
Cultura
Política

Gênero
Classe
E raça

Entre na onda da simbiose
Literária
Amorosa
Carnal

Não se afogue em preconceito
Ignorância
Na aceitação só do que classifica ser normal

Pegue sua prancha
Essa que você não tira debaixo do braço
E saia da areia

Pule pra água
Se encharque
Deixe a cabeça molhar

Quem sabe assim não brota algo mais daí ?

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[Ouvindo: The Verve - A New Decade ]

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Na Tomada

Postado por NaNa Caê quinta-feira, 10 de setembro de 2009 10:18:00

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Sem grandes pausas, puladas de parágrafos, respirações forçadas. Estou ótima, não é tentativa emergente de imititar Lispector ou Fernando de Abreu. A culpa é do sangue que mudou de cor, roxo, azul, degradê, florescente, corre, vibra, arrepia, excita. Fui dormir elétrica e hoje ainda acordei assim. Estranhamente não estou lenta. Prá não falar o que realmente aconteceu vou ficar vermelha, tapar o riso frouxo e dizer que deve ser apenas pressa de ser mais feliz.

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[Ouvindo: MGMT- Eletric Feel]

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Stand Up Love

Postado por NaNa Caê 09:34:00

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Se ainda me julga
Dignamente como integrante de talk-show
Bastará a mim continuar a te fazer sorrir

Com tiradas intelecto-babacas
Clichês extravagantes
Desconcertantes comentários sobre livros
Restaurantes
Culturas

Puro consumismo
Ultra capitalismo
Nosso rock indie n roll

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[Ouvindo: Sixpence None The Richer - Breathe Your Name]

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Nem Precisa Procurar Debaixo do Tapete

Postado por NaNa Caê 08:36:00

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Então é assim que você acha que funciona ...

Chega espremendo esperanças
Contra minha ausência de declarações
Sub-interessantes
Supra irritantes

Enquanto não consigo virar esse disco
Respondo apenas com monossílabas
Não sei mais o que te falar


Não fuja
Mas também não force conversas por telefone

Estamos todos os dias ali
Não comemos no mesmo prato
Mas chega a ser quase isso

Não sei onde preciso te colocar
No coração você forçou tanto a entrada
Que a tranca quebrou


E agora você me liga assim
Irritada
Esbravejando
Gritando
Enquanto balança a inútil chave na mão


Só um aviso:
Você não está presa
Não está do lado de dentro

Se quiser é só ir
Fingir que vai pra mais uma de suas caminhadas
Focar em outra direção

E partir

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[ Ouvindo: PJ Harvey - Broken Harp ]

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Bem Melhor

Postado por NaNa Caê quarta-feira, 9 de setembro de 2009 08:41:00

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Hei de assumir a alegria
As redundâncias românticas
Nossas literaturas complexas
Histórias emergentes de humor

Hei de acalmar minha fadiga
De escolher móveis
Cor das paredes
Quadros
Pra onde vamos viajar nas próximas 15 férias



Hei de abaixar a cabeça
Pra você e seus tão únicos
Diferentes valores
Conceitos
Excentricamente Provinciais
Colocações coerentes
Que quase nunca adotei

Hei de assumir que você comigo brincou
De queimada
E de fato me marcou
Atingiu
Tão forte que alcançou os órgãos
Adentrou por todo meu corpo
Com aquela felicidade que lançou
Seca
Sorrindo

Como se tivesse nas mãos uma assassina arma
De mira e vontades certeiras

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[Ouvindo: The Kills - Wait]

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Propondo

Postado por NaNa Caê segunda-feira, 7 de setembro de 2009 14:55:00

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Eu sempre reclamo do sol
Mas agora preciso de algo pra me derreter

E se você conseguir me deixar mais pra baixo
Agora
Te dou um prêmio

Pode escolher

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[Ouvindo: The Cardigans - Cloudy Sky]

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Feriado - Parte III

Postado por NaNa Caê 14:55:00

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Não preciso de níveis desregulados baby
Quero apenas nos igualar
Á nossa estranha diferente semelhança

Eu sei onde errei
Hora exata e lugar
Foi naquele pedestal
Quando te coloquei em meus ombros
Só pra você subir lá

Se eu pudesse decidir quem amar
Não haveria sequências de nomes
Só uma pessoa bastaria

Mas não consigo baby
Infelizmente estamos há um bom tempo
No mesmo patamar

Segui seus pedidos sem pensar
Deixei a falsa simpatia de lado

Por mais impossível que pareça
Eu sinto dor baby
Eu não só a causo
É serio
Sinto tudo isso de uma forma bem pior
Sozinha

E minha fúria só para quando escrevo

Não me diga que estou destruída
Você me conhece bem
Não peça para eu me levantar
Me deixa aqui sentada
Crua
Na minha
Loucura
Sensatez

Aquelas máscaras me faziam sentir
Estar na festa de fevereiro baby
E eu odeio carnaval
Foi-se o tempo de me forçar


Se tivéssemos o mesmo cep
Endereço
Pararíamos o ar
Por que nos conhecemos como ninguém
Já vimos todas nossas opções de caras
Sorrisos e trapaças

Seriam semanas na cama
De olhos abertos
Olhando pro teto
Pro gostoso silêncio
Brincando de pique esconde com o olhar

E compraríamos sem parar
Fumaríamos sem parar
Beberíamos sem parar
Cocas
Cafés
Chás

Cigarros
Cigarros
Livros
Livros
Viagens
Viagens

Ignoraríamos o mundo
Fecharíamos tudo
E é isso que me dá medo

Não sei se eu te supriria
Não sei se você iria conseguir me satisfazer
Agradar

Enquanto os outros me dão planos felizes
Concretos
Casa, comida e roupa lavada
No máximo com pequenos problemas
Ciúmes
Você me ama
E eu te amo também

Quero muito botar fogo nesse circo
Em toda essa palhaçada que eles fazem por aí
Mas tenho medo que as faíscas te atinjam também

E não se trata de estranheza entre nós
É apenas uma incontrolável compatibilidade

Somos assim
A pior mistura
Aquela
Bem explosiva

Que da ressaca
Dor de cabeça
Sempre
No dia seguinte

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[Ouvindo: Placebo - Post Blue]

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Feriado - Parte II

Postado por NaNa Caê 00:19:00

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- Vai fazer o quê esses dias?

- Vou ficar verde, mofar.
Da cabeça aos pés, da mente ao coração


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[ Ouvindo Sem Cessar: The kills - Black Balloon ]

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Feriado - Parte I

Postado por NaNa Caê domingo, 6 de setembro de 2009 23:38:00

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Sou suco
Soro
Nos sacrifícios
Dos ascos

Nas interfaces
Dos desperdiçados
Dias
Parados
Estáticos

Predisposições me atacam
Por todos os lados
Tédios me cercam
Até eu tomar todos os frascos

Forçar
Fome
Sono
Bem estar

Desligada
A paz
Luz
E o celular


Já são tantas dezenas de horas
Sem sair de casa
Que parei de contar

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Ouvindo: The Kills - Tape Song (Sim, de novo)

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Cheia de Você

Postado por NaNa Caê quinta-feira, 3 de setembro de 2009 11:15:00

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Quando você para...

Pensa em que ?
Lembra de quem?

Quando está aquecido
Pelo cobertor do silêncio
O que transborda a mente
Bota fogo em seu coração ?

Tenho falado tão pouco
Que automaticamente dou espaço pra você

Ocupar

Meus rabiscos
Sangue
E poros

Toda dimensão

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[ Ouvindo: The Strokes - 12:51 ]

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Desejo

Postado por NaNa Caê 11:01:00

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Que a transparência nos transporte
Para um lugar melhor
Só nosso
Sem quase mais ninguém

Apenas com o mar
Um gato
E um cachorro

Que o oco me tinja de branco
Da mente aos pés

Por que já não posso mais forçar
Assim
Todo esse azul
Em mim

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[ Ouvindo: The Strokes - Ize of the World ]

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Falsa Vida Viva

Postado por NaNa Caê 10:23:00

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Se você joga pro alto as nuances
Eu prendo na terra os desejos

Não importa o desenho
Filme
Cidade

Com ou sem ar gelado
Em meu plano moderno
Tudo é válido

No seu quarto
Cama
Cozinha
Nada acontece

Nem poderia

Não estou mais aí
Não estamos mais nem aí
E seguimos falsamente

Finge que não lê
Que não lembra

Finjo que vivo
Viva
Longe de você

Mas com todo o respeito não há mais vida
Aqui
Ou em qualquer outro lugar
Por onde eu vá

Sem você pra me persuadir

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[Ouvindo 500 vezes seguidas:
The Strokes - Heart in a Cage]

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Trancando o Banheiro

Postado por NaNa Caê quarta-feira, 2 de setembro de 2009 11:22:00

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Se controle fosse de fácil posse
Erros subitamente diminuiriam


Aprenda a ser flexível
Enquanto podam suas hastes
Aumentam minhas mentiras

Dê abraços
Tapinhas nas costas
Invente quantos cumprimentos quiser

Entretanto
Quando o lençol macio resolver o receber
Irão tirar seu ar
Te sufocar
Com seu próprio travesseiro
E vão terminar assim
Com um sorriso bobo
Capaz de embriagar qualquer rosto


Eles só querem te empurrar
Para as vertigens meu bem
Eles só querem te usar
Como escape para as fofocas

E eu não tenho mais forças pra caminhar
Até o banheiro
Ir e voltar
Nesse vai e vem
Sem parar
Só pra encher baldes e mais baldes de água
Do chuveiro
Só pra jogar na sua cara
Pra ver se você acorda
E vê

Que inteligência não lhe da como brinde ausência de ingenuidade


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[ Ouvindo : Postishead - Glory Box ]

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Musicalidade Ego Desafinada

Postado por NaNa Caê 11:10:00

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Os vizinhos têm agüentado os meus gritos
Cantados
Meus fortes arranhões
No violão

Por que você não suporta sequer meus sussurros?
Não estou forçando o timbre
Não estou crescendo junto com o tom

São apenas
Palavras calmas
Arquitetadas
Tranqüilamente faladas
Para no resultado apenas me suprir

Não passa de egoísmo
O ainda forte egocentrismo da minha parte

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[ Ouvindo: Metric - On a Slow Night ]

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Sem Doces

Postado por NaNa Caê 09:17:00

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''Rever fotos é inventar mentiras
Reler cartas é convencer a mentira
Voltar à igualdade de início é falhar''


(ariannecarreira.blogspot - Do Seu Jeito)


Tente ser duro enquanto reabre caixas
Não queime
Não rasgue
Não devolva
Nada de macumbas, mandingas,simpatias
Pragas ou maldições
Apenas ligue o ventilador
Rápido
Para que logo seque os olhos


Veja o passado como sustentador
Último
Da única esperança
Legitimada
Amada

Busque acreditar que o presente deve ser conduzido
Igual a uma criança
Ingênua
Enganada
Levada pela mão
Para tomar vacina
Receber a salvação

Insistem que não dói
Comparam com picadas, beliscões
Verdade
Mas isso não machuca também?

Enfim
Sem maiores discussões
Por que depois passa
Há o pirulito
Balinha
Balão

Qualquer merda simbolicamente lúdica
Desistressante
Para que se acalme
Não existam choros exagerados
Traumas fortemente causados
Não haja exaltações



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[ Ouvindo : Interpol - Scale ]

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Assumindo a Miopia

Postado por NaNa Caê terça-feira, 1 de setembro de 2009 08:42:00

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Se eu pedir que desapareça de uma só vez
Poderemos melhorar
Simplificar inúmeras coisas


Não vou ter que fingir um possível esquecimento
Do meu celular
Em casa, na mochila ou no silencioso

Não vou ter que inventar problemas
Produzir lágrimas
Dizer que estou exausta
Cansada de um dia nada legal

Então suma, vá logo embora.

A única coisa que quero é que me dê as costas
Mas não daquele seu jeito como sempre faz
De rabo de olho
Só pra me pirraçar

Pegue esse rabo e enfie entre suas pernas
Graciosamente sem vergonha alguma
De preferência saia com passos bem apressadinhos

E caso não tenha mais fôlego
Tudo bem
Entendo
Não posso te forçar a deixar de ser sedentário
O cigarro nos ajuda a ficar mesmo assim

Mas não me enrole
Não coloque a culpa nele
Por você não conseguir partir

Chamo um moto-táxi, táxi, comboio, polícia
Para médicos, carroças, jegues , cavalos
O diabo que topar te levar daqui.


Se bate em minha porta aumento o volume
Prefiro estourar os tímpanos a te receber
Dou explicações sobre dietas
Jejuns judáicos, trefs, kashers
Só pra não ter que sair com você pra comer


O pior é que sabe
Inventa burrice
Só pra eu ter sempre que te ensinar
As teorias, filosofias, escolas literárias
Declamar poesias, citar autores
Contar as últimas notícias
Todas aquelas biografias
Que gosta de ouvir


O essencial você insiste em chutar para os cantos.
Espera que minhas decisões escorram
Sumam pelos buracos
Que eu sem querer fiz no azulejo
De tanto bater os pés no chão
Tentando me proteger

Mas não.
Não quero me divertir. Não com você.

Não sabe de nada, assim como eu também não sei.
E basta a minha ignorância aqui
Incompreensões
Falas lentas, língua presa, gaguejos periódicos
Marteladas na cabeça
Tão perturbantes pra consciência
Confusas
Depravadas para você

Que porra de insistente discussão é essa sobre sexualidade?
Pegue teu sexo
Com as mãos mesmo se quiser
E se coma
Na sua cama
De porta trancada sozinho .
Enquanto sua mãe assiste Faustão
Na sala bem ao lado lamentando
A ausência de novelas aos domingo na tv.

Talvez tudo isso não vire nada
Talvez só eu me vire e vá embora mesmo.


Não sei garoto, não sei de você, dos teus amigos
Dos seus livros de cabeceira fracos
Discos quebrados, arranhados
Alguns escondidos no fundo da gaveta
Só pra ninguém ver o seu passado
Do que já gostou

Pra que essa vergonha?

Quer ajuda mútua ??
Vá a algum grupo
Daqueles que marcam encontros
Uma, duas vezes por semana
Tenho certeza que vai gostar
Eles sempre fazem rodinhas
Cada um com o seu pequeno tempo pra falar
A tal da dinâmica dos 3 minutos que odeio

Eu cansei
Cansei de responder perguntas
Que eu mau paro pra prestar atenção, escutar.
Cansei de dar explicações
De dores, remédios, rumores
De loucuras
Dos idiotas que freqüentemente me perseguem

argh.

Hoje não estou pra poemas garoto
Rimas
Muito menos pra você


Infelizmente sinto dizer que agora não enxergo ninguém .




Junto com as falhas de caráter

Aposentei meus óculos e o amor


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[ Ouvindo : Lilly Allen - Fuck You ]

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