Medindo Minha Burrice

Postado por NaNa Caê sexta-feira, 28 de maio de 2010 17:48:00

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Estreito compasso dessa desengonçada sinfonia
Estreito desenredo dessa sintonia sem jeito
Estreito espaço entre o fardo
E a métrica da constante
Ausência
Sua

Estreito
Apertado
Coração


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[Ouvindo: Bruna Mendez - Não Corra Lola]

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Não Corra Lola

Postado por NaNa Caê 08:16:00

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Não corra, não morra
Volte Lola
Mas se afaste
Não fique tão próxima
Três passos já para atrás!

Somos pessoas flexíveis
Vulneráveis
De papel
Machê ou cartolina?

Espero que não tenha se derretido
Com as lágrimas secas
Daquele rapaz

Não se preocupe Lola
Se abstenha
De toda cena armada
O duro papelão que bateu em sua cara
Amoroso papelão sentimental

Você é esguia e leve
Mas peço que não seja tão rápida
Na fuga
Não corra Lola
Não
Corra

Se chegar mais perto tinjo com aquarela o que conseguiram pintar apenas de preto e vermelho

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[Ouvindo: She Wants Revenge - Sister]

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Lição nº 1

Postado por NaNa Caê quarta-feira, 19 de maio de 2010 08:48:00

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Como se os olhos fossem páginas escritas em braile de trás para frente, eu insisto no estudo de te ler sem óculos.

Compreender é passo raso em rio de aparência funda. Apenas quando adentramos é sabida a facilidade de caminhar.


Compreender é passo dois da cartilha, primeiro vem o esforço de desembaçar as vistas.

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[Ouvindo: Blind Pilot - 3 Rounds and a Sound]

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Intoxicação Sentimental Alimentar

Postado por NaNa Caê terça-feira, 18 de maio de 2010 08:11:00

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Quando sonho sempre me vem um gosto. Não de amor, menta ou saudade. Sabor acre, enjôo, dor pungente de estômago vazio, não me alimento das lembranças, não me satisfaço mais de você.

Quando muito, uma ninharia agridoce de rancor me ataca, o amargo se torna forte, o melífluo não chega a lugar algum.

Como se fosse fruta verde, a língua reconhece, distingue, arrebata no apertar da boca, o ranger dos dentes, travamento completo da mandíbula, endurecimento do coração.

Quando sonho com você não há lugar para o surreal, não possuo asas, borboletas não se transformam em dragão. Apenas a realidade dominando o onírico, eu de um lado, você do outro, quando queremos muito mudamos de calçada é pedida a permissão, sem o atrevimento da palavra a própria presença estabelece o cumprimento, determina a distância.

Na fabricação do litígio entre estranhos conhecidos, o olhar preso por três segundos é intimidade desnecessária, proximidade a ser ignorada.

Quando sonho com você desenvolvo ânsias precárias, refluxos eufóricos, vomito as palavras-resíduos que me forçou a engolir.

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[Ouvindo: Weezer - Thought I Knew]

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A Verdade Crua na Bandeja Sobre o Amor

Postado por NaNa Caê sexta-feira, 14 de maio de 2010 10:23:00

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O fato é que você tem uma bola vermelha, dentro do peito, assim como o restante todo da população, entretanto se acha especial, possui a sensação de singularidade.Por achar tão único tem medo de a tocar, ter nas mãos. Para não se sentir culpado, caso algo dê errado, escorregue, caia no chão, a entrega para outra pessoa, por que a responsabilidade será única e completamente dela.

Falando assim até parece burrice, mas a culpa é da existência disso dentro do peito que não para, fica batendo, todo momento, não descansa. E aos poucos vão surgindo as dores seguindo o monótono ditado popular "tanto bate ate que fura", depois que já bateu o bastante, a pele rasga e o coração pula direto para as mãos de um ser que você pensa ter todos os ideais que você sempre admirou.

Então esse indivíduo chega fantasmagoricamente carregando uma colher, prato, bandeja, isso depende de você, são muitas as opções por que existe tanta diferença de tamanho dessa porra, dizem que alguns usam copo pra não perdê-lo, por ser de gelo é preciso uma puta paciente pra esperar derreter, outros já optam por um garfo, a rigidez é grande tendo como solução apenas fincar com força ali, já até me falaram que uns não tem, oco, completamente vazio por dentro, não sei se é verdade ou apenas egoísmo, estratégia para não entregar a ninguém.

Mas enfim, quando você passa essa bola vermelha para o outro há o excesso de tentativas e achismos, “pego desse lado ou do outro? ”. E achismo aqui é a água mágica pra dar continuidade a esse ciclo. A pessoa pra quem você ofereceu cogita saber o que você sente, começa apenas com passadas de mão de leve, e por achar que está tudo bem começa a ir mais forte, mais forte, quando vê está dando apertões, cortando a circulação, sufocando.

Como se fosse prazeroso enfiar-se em um ventilador, o que se sente é o mesmo, pânico, estraçalhamento em não sei quantos bilhares de pedaços do seu corpo, alguns nesse momento se tornam sadomasoquistas, gostam daquilo e ainda arriscam propor que haja a troca do horror, "fica com o meu coração que eu fico com o teu".

Sabe o que é pior? A maioria das pessoas deseja isso, exatamente isso, a maldita dor do amor.

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[Ouvindo: Moptop - Rock n roll]

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Sinto Muito

Postado por NaNa Caê quarta-feira, 12 de maio de 2010 11:18:00

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Sinto sua falta como nos dias em que esqueço de levar algum lanche para o trabalho, parece imbecil, comparação infantil, mas é exatamente aquele vazio, vai surgindo aos poucos, incomodando, por ser interno parece que sofro mais, logo vem a impaciência junto a dor de cabeça, e não há remédio que me faça bem, não há carteira inteira de cigarro que me acalme.

Sinto muito a sua falta como nos dias de segunda, terça, quarta e quinta-feira que não tenho você, todos muito longos e solitários, sempre na espera do nosso final de semana démodé.

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[Ouvindo: Moptop - Tão Certo]

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Bang

Postado por NaNa Caê segunda-feira, 10 de maio de 2010 13:53:00

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Em sua mente não existe a idéia de solidão pejorativa, ela é uma arma, sempre carregada, que você mira, finge que não dispara, mas quando se vira prefere atingir pelas costas.

Quantos cartuchos já gastou essa semana?

Pode dizer, eu sei que gosta de contar bala por bala.

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[Ouvindo: Radiohead - High and Dry]

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Espero Que Não Esteja Bem

Postado por NaNa Caê quinta-feira, 6 de maio de 2010 10:52:00

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Eu espero que você esteja sofrendo com todos aqueles pequenos problemas que quando se juntam tornam sua vida um inferno, as chaves esquecidas em algum lugar, os arranhados na lente do óculos, o sinaleiro que fecha, a fila que não anda, o dente que dói, o cabelo que não cresce, o cabelo que só cai, o copo que cai, o elevador que não sobe logo, aquilo que não sobe com tanta facilidade mais, a buzina que não funciona, o computador que não funciona, a memória ainda funciona?

Eu espero que você saia, da putaria elegante, do alcoolismo, de dentro da sua cabeça que acha tão ampla e sofisticada, do selvagerismo, do seu carro pra perguntar o endereço, quem quer, pede a informação é você, não o outro.

Eu esperava que as desconstruções sobre sua falta de moral te ajudasse a regenerar, mas você continua de pijama, com os livros ainda jogados pelo quarto, os rascunhos entupindo as gavetas, sentado, na cama, segurando um tijolo e o cigarro na outra mão.

Eu esperava que você percebesse o erro das ligações que ainda não foram feitas, das garrafas espalhadas no piso do carro, a falta de cinzeiro na sala, dos gostos que pensa serem refinados, mas são uma negação.

Eu esperava que fosse sincero, abrisse a boca pra falar a verdade, ao menos por telefone, não era preciso sair de casa, carregar o pesado e transbordante copo de wisky por tantas ruas. Eu pedi apenas para gritar confirmando meus problemas, nada de esforços além de talvez exceder a voz.

E quando se espera muito logo vem os atrasos, a perda de tempo, a escassez das horas, e não estou disposta mais a isso.

Antes eu esperava, não que você fosse algum dia chegar, mas eu esperei.

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[Ouvindo: Rilo Kiley - Capturing Moods]

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Dor de Cabeça

Postado por NaNa Caê terça-feira, 4 de maio de 2010 10:28:00

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A cada passo o vermelho se torna fogo e insiste em arder toda corrente sanguínea

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[Ouvindo: O cérebro latejar]

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