Cheque as Portas, Prepare o Mate.

Postado por NaNa Caê terça-feira, 31 de maio de 2011 12:17:00

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Alimento diversos desesperos que incluem desde abrir pastas com fotos antigas até esbarrar sem querer em você na lanchonete, mesmo que não exista a possibilidade de haver sequer uma imagem sua ali e eu esteja ainda no quarto, me preparando pra sair, de olhos fechados, já que os óculos não resolvem mais.

E toda vez torço para que seu salgado caia, o refrigerante molhe sua roupa, talvez assim lhe mostrando como forma de algum sinal-moderno-urbano que em nenhum momento te esqueci.

Eu não preciso procurar seus olhos, mãos e cabelos escorridos, não sei se é Deus, Buda, ou Maomé brincando de coincidências com nossas peças, mas elas sempre tendem a se entreolhar, antes de uma comer a outra e não podermos mais continuar no mesmo tabuleiro.

Cheque, todas as portas e janelas. Abra cada fresta sem medo de o jogo virar.

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[Ouvindo: Radiohead - Knives Out]

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Corte e Costura do Coração

Postado por NaNa Caê terça-feira, 17 de maio de 2011 02:16:00

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No teto você dança uma canção distraída, adormece pelas quatro pontas do quarto, faz das cortinas edredom.

Tenho medo de entrar na sua casa, ficar tonta, não saber acompanhar seus passos, girar de cima até o chão.

Te procuro então por aqui em tantos textos, rabisco diariamente umas quatrocentos imagens nossas através de palavras.

Ainda me esforço para emendar o cansado órgão com versos pesados e retalhos do que restou da sua quase despedida.

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[Ouvindo: Elliot Smith - Cupid's Trick]

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Hora de Desligar

Postado por NaNa Caê domingo, 15 de maio de 2011 19:52:00

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Sonhei que eu podia dormir sem ter que me justificar ou precisar explicar sobre minhas olheiras.

Peguei as suas metáforas para tentar colorir o chão, porque você disse que era melhor assim, não pisar em tons escuros tendo o céu tão azul, já bastavam os meus contrastes de pele, cabelo e amor.

Você me obrigou a fumar os filtros, de todos os cigarros, um por um. Eu engoli as bitucas e isqueiros como amostra de rancor.

E eu só me perguntava quando que a gente tinha criado intimidade, nas primeiras oito horas seguidas de conversa ou nas mensagens oferecendo aquilo que nem era nosso?

Não entendia do que você reclamava, de quem, se eu ainda estava ali, calada, ouvindo sobre suas hiperbólicas abstrações.

O grande problema é que eu sempre sofri muito, por tudo, as vezes até mesmo por estar bastante feliz.

Como era complicado encerrar algumas ligações, brincar de contar até três pra dizer logo adeus.

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[Ouvindo: White Lies - From the stars]

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casal de velinhas

Postado por NaNa Caê quarta-feira, 11 de maio de 2011 15:23:00

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Dois anos de drama, obrigada por quem acompanha

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Ainda Aguardo Sua Carta

Postado por NaNa Caê 09:00:00

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Recebo as correspondências, quero cair de costas, de lado, para qualquer canto desde que minha cabeça sofra o baque em alguma quina, rasgue ao meio, suje com gosto o azulejo branco irritante.

Recebo as correspondências e não há sequer uma carta sua, contas, contas e mais outras dívidas.

Abro meu e-mail, inúmeros convites, para festas, novas amizades, promoções e um sem assunto, seu.

Tenho pavor da minha caixa de entrada, acho que sempre trará algo ruim, um possível término, uma explicação do fim.

Recebo as correspondências, mas nunca você na minha casa.

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[Ouvindo: Ana Cañas - Esconderijo]

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