Pastilhas

Postado por NaNa Caê quarta-feira, 30 de maio de 2012 10:05:00


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A cada mês escrevo mais o que me falta, começando por você
A cada bolo de folhas, faço como cobertura lágrimas e saudade
Da salgada comida destempero algumas partes com desculpas lavadas

Tenho apenas a geografia das cidades
Do seu corpo e do meu
Acautelados por outros entre nós
A geometria de ângulos que a gente tem que descobrir distâncias
Inconstâncias de rumores
E adivinhar qual o momento certo pra dizer o que é gostar

Fica calada
Enlevada no seu canto
Se encante com paredes
E pedras
Se amarfanhe nas quinas
Mas não com outras  pessoas que não sejam eu
Passatempos que não passam
Que um dia possam a vir ser amor

Fica do seu próprio lado
E não penda para o meu
O da sua mulher
Ou mãe

Se desprenda dessa culpa
Que eu já pisei quando te beijei
Porque hoje mesmo me contaram
Que ainda somos novos
E talvez seremos por um longo tempo
Caso eu não morra
Caso você deixe de se cegar
Caso a gente se case
Com pessoas diferentes
Que não sejam nós

Fique onde você bem quiser
E queira estar
Mas me passe as coordenadas
CEP e endereço
As passagens deixa que eu compro

Te levo uma rosa
Uma bala pra garganta
Uma prosa daquelas adiadas
Pra gente não ter o que fingir
Inventar desculpas pra se encarar

Fique assim do meu lado às vezes
Quando às vezes for sempre
Quando às vezes for pra nunca mais sumir

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[Ouvindo: Mumford & Sons - White Blank Page]
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Comments (6)

E tudo é reencontro.
Lindo <3

''Fique assim do meu lado às vezes
Quando às vezes for sempre
Quando às vezes for pra nunca mais sumir''

A cada novo texto, me surpreendo.

A melhor coisa tua que já li, a mais sincera.

Ops, meu comentário era pra ter aparecido aqui nesse texto...

"Passatempos que não passam". a ligação das músicas aos poemas fica muito boa.

Por mais que seja natural, você tem um jeito de organizar as palavras que é bem amável.

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